segunda-feira, 26 de maio de 2014

CARDANHA (Nossa Senhora da Oliveira, concelho de Torre de Moncorvo)

22 — Inquérito de 1845 — Cardenha (sic)—N.° 5. Concelho: Alfândega da Fé; orago: Nossa Senhora da Oliveira; tem fogos: 100; habitantes: 380; dista de Braga 24 léguas, de Chacim 4, de Alfândega 2, de Sambade 3.Deve continuar a ser paróquia, devendo-se-lhe anexar a freguesia dos Estevais .
Tem o pároco de côngrua 100.000 réis, não tem casa de residência e é cabeça de círculo de palestra. A igreja está segura e decente, tem sacrário com o Santíssimo, e os paramentos necessários para o culto divino; a sua fábrica é por conta da paróquia e das confrarias da mesma .
Tem esta freguesia uma capela de S. Sebastião colocada ao pé da povoação; está segura e decente, com os paramentos necessários para nela se celebrar; a sua fábrica é só de esmolas.
Há mais outra capela na extremidade da freguesia, chamada do Senhor da Pedra, que está segura, mas não tem paramentos para nela se celebrar; a sua fábrica é só de esmolas.
Esta igreja é vigariaria colada e o seu pároco é o presbítero José Manuel Rodrigues, vigário colado em 10 de Março de 1818; ordenou-se em 1803; tem idade de 68 anos; antes de se colar nesta freguesia, donde é natural, foi vigário na de Castelo, hoje anexa de Alfândega 99; tem sempre residido e cumprido com exactidão os seus deveres; a sua aptidão física para o serviço paroquial já não é a mais apta por causa das moléstias que sofre; estudou Gramática, Lógica e Teologia Moral.

Os livros dos assentos desta freguesia encontrei-os em estado muito limpo, claro e decente .
Tem esta freguesia o sacerdote que é dela natural Manuel Tomás Esteves, idade [de] 55 anos, recebeu a última ordem em Dezembro de 1816; tem licença para celebrar e confessar por 2 anos em data de 27 de Março de 1844; frequentou Gramática, Lógica e Teologia Moral; a sua conduta religiosa, moral e política não tem sido indecente, bem que inclinado ao sistema realista, mas sem cometer excessos; tem aptidão física para o serviço da igreja; e tem paroquiado, por meses, algumas freguesias.
Mais o presbítero José Dias de Carvalho, natural desta freguesia, idade [de] 32 anos; recebeu a última ordem em Setembro de 1838; tem jurisdição po[r] 2 anos, de 27 de Setembro de 1844; foi encomendado no Sendim da Serra e Eucízia neste arciprestado; frequentou Gramática, Lógica e Moral; tem aptidão física para paroquiar; porém a sua conduta moral e religiosa é e tem sido torpe e indecente por andar pública e escandalosamente ameigado com uma mulher do Sendim da Serra, chamada Maria Trindade, de quem tem tido (foi. 8) alguns filhos; por isso e por outros factos, não menos escandalosos, foi suspenso do ofício paroquial por portaria de Sua Ex.cia Rev.ma de 6 de Janeiro do corrente ano; em quanto à conduta civil e política, é sofrível, mas mal conceituado na opinião pública.
É mais natural desta freguesia o ordinando minorista António Luís Moreiras, filho legítimo de Francisco Moreiras e de Maria do Espírito Santo; tem boa conduta e dá provas de vocação para o [estado] eclesiástico; tem igualmente património, e nenhum impedimento para ordenar-se; frequentou Gramática, Lógica e Teologia Moral na cidade de Braga.
Ainda que nesta freguesia não há a maior necessidade de sacerdotes, todavia neste arciprestado há grande falta deles; por isso algumas igrejas estão providas em sacerdotes do bispado de Bragança, que não são os mais exemplares no geral, e portanto muito se precisa da ordenação deste, e máxime pelas boas informações que dele me dá seu rev.° pároco, a quem dou todo o crédito .
O texto está inserido no livro “Visitações e Inquéritos Paroquiais da Comarca da Torre de Moncorvo de 1775-1845”,de Franquelim Neiva Soares-
Publicado em 17/07/2012

4 comentários:

  1. A falta de vocações não é só do nosso tempo.Como se lê no texto, o celibato não é a preferência da maioria dos sacerdotes.

    Uma moncorvense

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  2. Mesmo com texto do século 19 é bom falarem das aldeias.

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  3. Por acaso tem o texto original em formato digital? Interessava-me muito se o tiver. Três dos padres referidos pertenciam à minha família.

    Deixo o meu email caso tenha esse documento.

    Obrigado
    João Emanuel Diogo
    joaoediogo@gmail.com

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  4. O texto está inserido no livro “Visitações e Inquéritos Paroquiais da Comarca da Torre de Moncorvo de 1775-1845”,de Franquelim Neiva Soares-
    Há exemplares para consulta na Biblioteca Municipal de Moncorvo.

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