quarta-feira, 29 de outubro de 2014

TORRE DE MONCORVO-- REMÉDIO DA CARDANHA


«Designarei assim [Remédio da Cardanha], servindo-me do nome da povoação o remédio que ali se faz e de grande voga naqueles sítios contra as mordeduras de cães damnados. Pertence a Cardanha, pequena aldeia transmontana, ao concelho da Villa de Moncorvo da qual dista 2 léguas, e ao distrito de Bragança. Tentando investigar a origem do remédio, pude saber que ha uns 150 annos o possuía o Padre- Canellas, Reitor da Adeganha povoação a meia légua da Cardanha, e que lhe fôra dado por um frade. Este Reitor ensinou-o depois ao Padre José Rodrigues, vigário da Cardanha e a uma tal Anna Claudina que o foram divulgando e passando a differentes indivíduos mais ou menos aparentados. Por esta forma foi transportado para differentes logares que hoje se orgulham do seu remédio e que pretendem a primazia. Desde muitos annos, acudiam á Cardanha mordidos de todo o norte.do paíz e principalmente de Traz-os-Montes e Beira, bem como da Galiza Em 1868,estando alli um italiano, comprador de folhelho, não teve duvidas em dar 8 libras pelo segredo que provavelmente transportou para a pátria do Dante.


•A sua formula consiste no seguinte:
Raiz de silva brava ..... Uma pollegada
Alhos . . * Uma cabeça
Salsa - . Uma mão cheia
Absintho “ “ “
Arruda. “ “
Margaça Duas mãos cheias
Esscorcioneira, Uma mão cheia
Vinho branco. .Um quarteirão
«Com todas estas substancias trituradas fazem-se 9 bolos eguaes. Lança-se cada um d'estes num quarteirão de vinho branco, para o homem, e de leite, para o cão. Filtra-se atravez d'um panno e toma-se, depois de filtrado, todos os dias esta porção. Applica-se este tratamento durante 9 dias; cada bolo para seu dia. O doente deve passear ou correr depois da ingestão do remédio e deve preservasse de comidas salgadas e de dormir com mulheres (sic)>. -
Como se vê, a fórmula é idêntica à que acima foi exposta,, nela aparecendo também o número nove (três x três), que tanto figura, como o seu submúltiplo três, nas superstições populares.

 Carlos A. Salgado de Andrade (1877/1913)In REVISTA LUSITANA 
(Medicina Popular –RAIVA)

(Reedição de posts desde o inicio do blogue)

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