quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

TORRE DE MONCORVO - MARTIM TIRADO

                             LÁ PARA OS LADOS DE MARTIM TIRADO, S.CRISTÓVÃO (CARVIÇAIS)


A viagem de hoje começa, lá para os lados de Martim Tirado. Mais concretamente em São Cristóvão no termo da freguesia de Carviçais, a três quilómetros de distância, pouco mais ou menos, junto à foz do Vilela. Neste local, são abundantes os vestígios de uma povoação romana, que ocupa quase todo um planalto, ligeiramente inclinado na direcção norte-sul, tendo à sua direita o ribeiro da Trapa e, à esquerda, o ribeiro de Cananor. Esta povoação romana foi localizada pelo Abade Tavares no ano de 1902.
Durante muito tempo, as sepulturas antropomórficas (sepulturas que apresentam a forma humana) eram associadas a Covas de Mouras encantadas…mas não são mais que sepulturas do Período Medieval….e o concelho de Torre de Moncorvo está cheio delas.
Santos Júnior também nos falou das covas das mouras e, em especial, do local onde foi tirada esta fotografia. Os seus apontamentos começam por falar desse local, da seguinte forma:
A norte S. Cristóvão ao pé dos (?) do Padre Zé, ao fundo da ribeira de Vilela, apareceram covas de enterrar; era cemitério, o padre Tavares achou lá muitas coisas, cacos, pedras com letras antigas dentro das covas, até dinheiro lá achou. Era além a antiga povoação e a gente desta povoação ia à missa da capela dos Anjos, na ribeira das Arcas, que fica em baixo.”
Há quem diga que a antiga aldeia de Carviçais era o tal lugar de S. Cristóvão onde o Abade Tavares, nas suas incursões arqueológicas, terá identificado diversos vestígios arqueológicos do período romano.
Neste local são visíveis catorze sepulturas antropomórficas divididas em cinco grupos. O abade Baçal refere que uma delas apresenta um pequeno orifício por baixo da zona dos pés, à qual o povo chamava de “pia baptismal” e que noutros tempos os habitantes se baptizavam nesta pia.
Neste local ainda são visíveis restos de muros, mós manuais e alguma cerâmica.
Para além do interesse inquestionável do Abade Tavares e do Dr. Santos Júnior, este local continua por estudar e investigar. Foi identificado pelo primeiro que terá tentado salvaguardar algum do espólio encontrado para fundar o Museu de Torre de Moncorvo, desejo esse que nunca chegou a concretizar. Lamentou-se do facto em cartas ao amigo José Leite de Vasconcelos (o fundador do Museu Nacional de Arqueologia) e acabou por enviar parte desse espólio para Lisboa, com o objectivo de o salvaguardar.

Susana Bailarim

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(Reedição de posts desde o início do blogue)

4 comentários:

  1. PARA SABER MAIS SOBRE O ASSUNTO:
    ALVES, Manuel (1934), Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança, tomo IX, Bragança,
    pp.146-149
    ALMEIDA, Justino, FERREIRA, Fernando, (1966), Vária epigráfica, in Revista de Guimarães, vol. LXXVI, nº3-4, pp.343-351;
    BOTELHO, Henrique (1902), Archaeologia de Trás-os-Montes, in O Archeólogo Português, nº 7, Lisboa, pp.149-155.
    JÚNIOR, Joaquim Rodrigues dos Santos (1929), As ruínas castrejas de Cigadonha (Carviçais), Instituto de Antropologia da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, Porto, 1929.
    LEMOS, Francisco Sande (1993), Povoamento romano de Trás-os-Montes Oriental (Tese de doutoramento), Universidade de Braga, 1993, (policopiado).
    TAVARES, José Augusto (1903), O A. P., série I, vol.8, pp.156-157;
    TAVARES, José Augusto (1922), Colecção arqueológica, in O Arqueólogo Português, vol. XXV, Lisboa, 1921-22, pp.128-133.

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  2. Mais um belo e rigoroso trabalho da doutora Susana Bailarim.Qual será o local do próximo passeio?Por que não uma ronda pelas capelas do concelho?

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  3. BOM TEXTO, INFORMAÇÃO BEM INTERESSANTE!

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