terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Câmara Municipal de Torre de Moncorvo

Arquitectura político-administrativa, neoclássica e revivalista. Edifício da Câmara Municipal de planta quadrangular, com fachadas, de dois pisos, separadas por friso, com pilastras toscanas de ordem colossal nos cunhais, e terminadas em friso e cornija sobreposta por beiral. Fachada principal, de três panos, definidos por pilastras toscanas, coroados por pináculos, e dóricas no segundo piso do pano central, que é coroado por frontão triangular com brasão no tímpano; é rasgada, no pano central, por portal de verga abatida, moldurado, encimado por friso e cornija com elementos fitomórficos, sobrepujado por janela de sacada com guarda de ferro, de verga recta canelada, igualmente encimada por friso e cornija, e, nos laterais, por porta sobreposta por voluta e janela de peitoril, moldurada, ambos de verga abatida, e no segundo por janelas de peitoril, de verga recta, todas com friso e cornija. As restantes fachadas são rasgadas por janelas de peitoril sobrepostas, tendo no piso térreo verga abatida, encimadas por cornija, e no segundo verga recta. No interior, tem vestíbulo central, com portas laterais de distribuição às salas do primeiro piso, e escadaria de acesso ao andar nobre, estruturado a partir de um corredor central para o qual se abrem as diversas divisões, tendo o salão nobre centralizado e virado para a fachada principal, decoradas com trabalhos de estuque revivalistas.

Categoria

Monumento

Descrição

Planta quadrangular de volume simples, com cobertura de telhado de quatro águas, em telha de canudo. Fachadas de dois pisos a S., O. e N., separadas por friso, e de três na virada a E., em alvenaria rebocada e pintada de branco, com embasamento de cantaria, pilastras toscanas de ordem colossal nos cunhais e terminadas em friso e cornija, sobreposta por beiral. A fachada principal, virada a S. é dividida em três panos por pilastras toscanas e, ao nível do segundo piso, do pano central dóricas, pilastras que também surgem nos cunhais, onde são coroadas por pináculos, sobre plintos paralelepipédicos. No pano central, abre-se portal de arco abatido moldurado, encimado por friso e cornija, sobreposta por voluta no fecho, motivos fitomórficos laterais, coroados por pináculos fitofórficos e pinha ao centro e, no segundo piso, janela de larga sacada, assente em mísulas com brincos, com guarda em gradeamento de ferro, de verga recta canelada, encimada por cornija sobre friso dórico, tendo a janela portadas de duas folhas e bandeira, em madeira pintadas de branco e verde; este pano é rematado por frontão triangular assente num friso dórico com triglifos, tendo no tímpano dois escudos tangente: o municipal e o nacional, cercados por ramos de carvalho e oliveira e encimados pela coroa real aberta. Nos panos laterais, simétricos, rasgam-se, no primeiro piso, portal de arco abatido, com voluta ao centro, encimado por friso e cornija curva, com portadas de madeira de duas folhas e bandeira, pintadas de branco e verde, e janela de peitoril, com moldura inferiormente formando falsos brincos rectos e de verga abatida com voluta ao centro e de portadas semelhantes às dos portais. O segundo piso apresenta, em cada pano, duas janelas de peitoril de verga recta, encimadas por friso e cornija e inferiormente formando falsos brincos rectos. As outras fachadas apresentam um esquema de vãos semelhante entre si, com janelas de peitoril, no primeiro piso, de moldura superior com cornija contracurvada, e caixilharia idêntica à existente na fachada principal e, no segundo, de verga recta com moldura prolongada inferiormente, formando falsos brincos rectos. O único acesso exterior à cave é feito por porta simples na fachada E.. INTERIOR: o portal dá acesso a um vestíbulo lajeado, com pequeno apontamento floral em estuque no tecto, abrindo-se lateralmente, a E. e O., duas portas de ligação às divisões do piso, de compartimentação simétrica, a partir de um eixo longitudinal definido pelo portal e escadaria, de dois laços, em granito, de acesso ao andar nobre. Este, estrutura-se a partir de um corredor central para o qual abrem as diversas divisões. No centro, virado à fachada principal situa-se o salão nobre, com rico trabalho em estuque, nas paredes, e no tecto, em tons de amarelo ocre, verde seco e branco, assim como, a actual sala de reuniões, que possui tecto trabalhado, em estuque, em amarelo ocre, rosa velho e branco.

Acessos

Largo do Castelo

Protecção

Grau

3

Enquadramento

Urbano, isolado, implantação harmónica. Implanta-se num dos cantos de um largo rectangular, sobranceiro à praça principal da vila e que resultou da destruição e aterro do castelo medieval anteriormente existente. Adaptado ao declive do terreno, situa-se no limite S. da vila muralhada medieval (v. PT010409160004) onde existem, a curta distância, três imóveis classificados: a Capela do Sagrado Coração de Jesus (v. PT010409160010), a Igreja da Misericórdia (v. PT010409160007) e a Capela de Nossa Senhora dos Prazeres (v. PT010409160008).

Descrição Complementar

HERÁLDICA: Pedra de armas da vila de Torre de Moncorvo, conforme descrição do abade de Baçal, Francisco Manuel Alves, em "Memórias": "de ouro, com uma tôrre torriada de azul, aberta e iluminada do campo. O torreado, acompanhado por dois corvos de sua côr, afrontados e pousados nas ameias da tôrre. Coroa mural de prata de quatro torres. Listel branco com os dizeres: vila de torre de Moncorvo. Bandeira - de azul. Cordões e borlas de ouro e azul. Lança e haste douradas. Sêlo - circular, tendo ao centro as peças das ramas sem indicação dos esmaltes. Em volta, dentro de círculos concêntricos, os dizeres: Câmara Municipal de Tôrre de Moncorvo", (ALVES 1981). ESTUQUE: O salão nobre apresenta paredes formando apainelados, de moldura simples pouco relevadas, em estuque pintado de verde e fundo amarelo; no tecto surge medalhão oval, com as armas nacionais e as da vila, encimadas por coroa, inserido num outro, polilobado, que envolve pequenas molduras recortadas com fundos rendilhados, e se estende a outros dois medalhões, com motivos vegetalistas centrais, que terminam em bico nos extremos do tecto. Os quatro cantos têm medalhões circulares com decoração vegetalista profusa e de elementos estilizados. A actual sala de reuniões tem no tecto, inserido em moldura circular sobreposta por colchete em forma de acanto, florão de acantos, oitavado, em estuque, bastante estilizado, e nos cantos taças de flores entre acantos estilizados enrolados.

Utilização Inicial

Político-administrativa: paços municipais

Utilização Actual

Político-administrativa: paços municipais

Propriedade

Pública: municipal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 19

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTO: August Henri Pelegrin (séc. 19). CARPINTEIRO: Claudino Chaves de Oliveira (séc. 19 / 20). PEDREIRO: José António Mendo (séc. 19 / 20).

Cronologia

1842 - data de decisão da Câmara Municipal, para a construção de um Passeio Público, o Largo do Castelo, e do edifício dos Paços do Concelho, onde se encontrava o Castelo da vila; 1863 - Início da construção do edifício dos Paços do Concelho, com projecto do arquitecto francês August Henri Pelegrin, sob a orientação do mestre pedreiro José António Mendo; as obras de madeiramento, como o telhado, portas e janelas, foram executadas pelo carpinteiro da vila Claudino Chaves de Oliveira; arrematação da obra das escadas que ligam a praça ao Lg. do Castelo, pelo canteiro José António Mendo; 1970, década - os serviços camarários foram transferidos provisoriamente para outro edifício, tendo este ficado, até ao final da década de 80, como Repartição de Finanças; 1999 - obras de remodelação e recuperação do edifício.

Características Particulares

Caracteriza-se pela sobriedade e singeleza de linhas, bem como pela regularidade da fenestração, com vãos de diferente modinatura sobrepostos. É na fachada principal, que se concentra a maior riqueza decorativa, com a sobreposição de ordens, típicas do período neoclássico, apresentando a ordem toscana no primeiro piso e a dórica no pano central do segundo. Os vãos do piso térreo possuem alguns apontamentos revivalistas neobarrocos, como as volutas no fecho e as molduras convexas e pinhas fitomórficas a rematar o portal axial, enquanto que os do segundo são de linhas mais clássicas, destacando-se a janela central com ampla sacada, extravasando o pano, assente em mísulas e com guarde de ferro. No interior destaque para os tectos estucados, do salão nobre e da sala de reuniões, a primeira com temática relacionada com a Câmara, e em revivalismo neorococó, e o segundo em revivalismo neobarroco e de composição fitomórfica.

Dados Técnicos

Sistema estrutura de paredes portantes.

Materiais

Paredes em alvenaria de xisto e granito rebocado; cunhais, frisos e cornijas, e molduras dos vãos em cantaria de granito; caixilhos em madeira pintada; pavimentos de madeira e granito; tectos e paredes em estuque; guarda de sacada em ferro; cobertura com telhado em telha de canudo.

Bibliografia

ALVES, Francisco Manuel, Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança, vol. 10, Bragança, 1981, p. 712; ANDRADE, António Júlio, Torre de Moncorvo - Notas Toponímicas, Brigantia, vol. 10, nº 1 / 2, Bragança, 1990, p. 247 - 302; Idem, Dicionário Histórico dos Arquitectos, Mestres de Obras e outros construtores da vila de Torre de Moncorvo, Brigantia, vol. 11, nº 3 - 4, Bragança, 1991, p. 21 - 48; Gabinete Técnico Local, Inventário do Património, Câmara Municipal de Torre de Moncorvo; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1952, Lisboa, 1953; PEREIRA, Liliana Maria Ferreira Figueiredo, Estuques no Espaço Doméstico - Contributos para Um Itinerário na Arquitectura Rústica e Nobre do Norte de Portugal, com particular Incidência no Douro Superior. Estudo de uma peça. O Solar dos Pimentéis, em Torre de Moncorvo, 2 Volumes, Lisboa, (dissertação de Mestrado em História da Arte da Universidade Lusíada), Universidade Lusíada, 2003.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

1999 - Projecto de recuperação e remodelação do edifício.

Observações

*1 - A pedra de armas existente no frontispício da Câmara Municipal foi esculpida no Porto, sendo transportada de barco, pelo rio Douro, até à foz do rio Sabor, sendo conduzida a Moncorvo em carro de bois (ANDRADE 1991).

Autor e Data

Paulo Amaral e Miguel Rodrigues 1997 / Sandra Alves 2006

Actualização

Foto A.F.M.

4 comentários:

  1. Bonita foto do edificio mais bonito de Torre de Moncorvo.

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  2. Perdão:eu penso que Moncorvo tem muitos edifícios bem mais bonitos que este. E este até me parece bastante vulgar e pouco digno da histórica autarquia moncorvense. Aliás, o edifício setecentista da câmara municipal ainda hoje era capaz de "pedir meças" a este, se tivesse sido recuperado em vez de demolido ao final dos anos 30 do século XX. E penso até que muita da dignidade e elegância do edifício advém do sítio em que está implantado. J. Andrade

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    1. Estou inteiramente de acordo com a 2°opiniao.Uns fazem,...outros desfazem...Quem mandou demolir o castelo???Quem mandou demolir o edificio setecentista da Camara Municipal???E assim nao passamos da cepa torta...

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  3. Estive a passar pela memória os edifícios de Moncorvo e só me vem à cabeça o solar do General Claudino que está num estado deplorável.Dizem que são muito bonitos o interior das casas de Santo António e da casa da avó.Na corredoura nada resta da construção tradicional,semearam remendos ,casas de suburbios e vivendas ao gosto e dinheiro de cada um.
    É em Urros onde ainda se encontram belos exemplares da casa transmontana
    .O actual tribunal é aquilo que se costuma chamar mamarracho e pelos visto derrubaram um edifício com traça e história.É o costume.A casa do Cacau -vi uma foto na revista do museu da fotografia-era espectacular,caíu e transformou-se em parque de estacionamento.Ficou o mamarracho do posto da EDP.Desde o derrube do Castelo, no século 19, ao OVNI que está plantado no quintal do museu do Ferro, já nada me espanta.Ainda hei-de ver uma missa das testemunhas de Jeová no campo da bola e um concerto Pop-rock na igreja matriz.
    J.

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