terça-feira, 19 de junho de 2012

CARÇÃO -A Capital do Marranismo,por António Júlio Andrade e Maria Fernanda Guimarães

PREFÁCIO

Sinto-me lisonjeado por poder manifestar a minha opinião acerca deste trabalho singular, que de um modo particular é de extrema importância para ultimar a história de Carção e no geral, mais um tributo enriquecedor para a História de Portugal.
Até à presente data, existia pouca documentação fundamentada acerca do povo sefardita de Carção, podendo, apenas, verificar-se algumas menções instrutivas por Francisco Alves (Abade de Baçal), Amílcar Paulo, Leite Vasconcelos, Francisco Rodrigues entre outros.
Esta obra vai ao encontro da nossa história, enriquecendo-a pela grande quantidade de factos passados do quotidiano dos populares entre o século XVII e metade do século XVIII que, até ao momento, eram do desconhecimento de todos nós.
O título da obra “Carção – a capital do marranismo” evidencia bem a importância da comunidade judaica/cristã-nova no nordeste transmontano, tanto em termos económicos (possuidores das indústrias de curtumes, cola, destilação de aguardente e outros ofícios) como pela sua convicção/fervor religioso, que no mínimo é surpreendente.


Apesar de ser um povo severamente massacrado no decorrer dos séculos pelo Tribunal do Santo Ofício, podendo mesmo apelidar-se de holocausto, proveniente do que se passou, principalmente, entre 1691 e 1701 (130 presos!!!), conseguiram resistir, superar todas as atrocidades e mesmo as fugas e muitas condenações à fogueira nos Autos-de-Fé de Coimbra e Lisboa, surpreendendo-nos a preservação e evolução dessa cultura no decorrer dos séculos pelas gerações seguintes.
Uma frase parafraseada pelos autores no início deste projecto “…a história da comunidade judaica de Carção está para lá de tudo o que se possa imaginar…” elucida bem a importância da ocorrência de factos marcantes na história desta comunidade, a exemplo do rabi que vai a Livorno à procura de mais informações religiosas para doutrinar a restante comunidade, a audácia da usurpação dos sambenitos da Igreja Matriz, a crença e fervor religiosa, assim como o “modus vivendi” da época desde a alimentação, ofícios, mentalidades, etc.
A comunidade é tão forte e importante que o Padre António Vieira chega a referir que existiam no seu tempo povoações inteiras constituídas exclusivamente por cristãos-novos, e a esse número devia
pertencer a aldeia dos Carções, no Distrito de Bragança, cuja personalidade «de judeus» ainda hoje é apontada pelos vizinhos.
Esta obra poderá ser também, o embalo para Carção se tornar num lugar central na rota do Turismo Judaico de Trás-os-Montes, que do meu ponto de vista, foi um dos núcleos mais importantes. Por conseguinte, é uma ajuda preciosa na reposição da verdadeira história de Carção, que de alguns anos a esta parte tinha vindo a ser deturpada e desviada em detrimento de outras.
Felicito os autores pela originalidade desta investigação, podendo tornar-se num importante e valiosíssimo suporte e ponto de partida para futuros estudiosos.

Paulo José Fernandes Lopes
(Mestrado em História da Arte;
Lic. em Ensino Básico, v. E.V.T.;
Presidente de Associação Almocreve)

4 comentários:

  1. Fatima Pelicano Maria escreveu: Parabéns aos autores!!!

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  2. Manuel Correia escreveu:E conheço os autores...

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  3. Maria Mariz escreveu: Ainda tenho algumas recordações da casa do meu bisavô ...

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  4. Antonio Pereira escreveu:Muito bem! Assim desta forma muita gente sabera mais quem eram estes judeus marranos!!

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