terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Madrugada, por Armando Sena




Não me espanta o vento
Só lhe conheço o ímpeto

Nem o nevoeiro
Que intenso te esconde de mim

A geada branca e fria que te toma
O degelo que foi verão de nostalgia
Nem sequer a brisa ténue que refresca
De sóis intensos que um dia conheceste

No deserto que era leve e insensato
Um oásis ao longe em verde esperança
Era miragem que a sede de ti me provocava

Mas no suave ressuscitar da madrugada
Que trombetas um dia anunciaram
Nesse tempo em que tudo era um sonho
Que a vida se servia por um cálice
Sonhar era exercício inútil

O real era tomado como bênção
Como orgia divinal da criação
Que transforma todo esse esforço em vão,
Acordar para a cruel realidade
De um sonho em que tudo era real

Antologia – A Vida num Sonho

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