terça-feira, 26 de março de 2013

Pedagogia no Estado Novo



A Dona Adelaide é um testemunho vivo do tipo de Pedagogia praticado pelo chamado Estado Novo. Claro que já havia grandes pedagogos por esse mundo fora: desde Rousseau a Pestallozzi, de Fröebel a Vigotski ,Montessori ou Piaget,entre outros. Mas todos eles eram proibidos em Portugal, porque entendiam que a criança devia ser tratada com mão orientadora, sim, mas permitindo que a sua mente pudesse desenvolver-se dentro de um clima de compreensão e liberdade. Só assim poderia tornar-se um homem de pensamento crítico, um homem livre e criativo, dinâmico e produtivo. Ora, tudo isto era o que o Estado Novo menos desejava: homens e mulheres de pensamento crítico? Nunca. O que convinha era que as pessoas fossem passivas e obedientes. De preferência analfabetas. Daí que “o pulso forte” fosse encorajado e os castigos, mesmo corporais, fossem permitidos. Neste campo, a Dona Adelaide relata-nos vários e variados: desde a palmatória à chapada, do ficar em pé num só pé até presa por um cordel…
 A necessidade que os pobres tinham do trabalho dos filhos acrescentado ao ódio que muitas crianças votavam ao professor “mau” e, por extensão, à escola, levava a que o abandono escolar fosse generalizado. Assim, o regime tinha sempre ao seu inteiro dispor mão-d’obra barata e abundante.
Como é óbvio, e felizmente, também havia professores bons e muito bons.A mim calhou-me em sorte ter uma excelente professora no Ensino Primário.

Também em Portugal tivemos óptimos pedagogos como António Sérgio, que, por razões políticas, foi perseguido e obrigado a exilar-se.

Viana-do-Castelo, 25.03.2013

7 comentários:

  1. Minhoto Minhotão escreveu:um testemunho eloquente desses tempos de chumbo.

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  2. Já dizia a canção: Só de perna erguida a ditadura será sentida
    E as varas dos profs do Colégio Campos Monteiro?
    Não esquecendo as biqueiradas do professor Pinto a régua de 5 buracos da professora Isabel, as chapadas do Sobrinho,as ordineirices do dr.Leite e os apalpões do padre Félix.
    Noitibó

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  3. Nesse tempo havia transportes escolares,mochilas, telemóveis,cantinas,aquecimento nas salas ,desporto,multimédia,salas de leitura,teatro e desemprego dos professores?As escolas das aldeias estavam abertas,salas com frio e regentes escolares.Professores, como era no tempo que eram meninos?Do ESTADO NOVO AO CAOS PASSANDO PELA DEMOCRACIA...
    N,

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  4. Quando estive na tropa na Guiné encontrei um pretinho que sabia de cor os rios de Portugal.

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  5. Olá, caríssimos Comentadores:

    Este curto texto pretendeu apenas sublinhar as mais que correctas afirmações da Dona Adelaide Leonardo. Por isso, só falei de um sector do ensino - o Ensino Primário - e de um dos aspectos da Pedagodia de então para esse sector. Mas se retirarmos a reguada, o ficar de castigo com um pé no ar, e mais algumas variantes que um ou outro professor ia buscar à sua fértil imaginação, no Ensino Secundário do Estado Novo e mesmo no Ensino Superior, a ideologia subjacente era a mesma : formar homens e mulheres acríticos, obedientes e passivos.
    Obviamente havia excepções, e muitos homens e mulheres de Ciência e de Cultura tiveram de ir investigar e leccionar no estrangeiro, onde foram bem acolhidos e prezados e premiados como grandes cientistas e grandes mestres. Lembremos António Sérgio e Jorge de Sena entre tantos outros.
    Os que teimavam em ficar no país eram penalizados de várias maneiras, como aconteceu com Oscar Lopes, Fins do Lago, Paulo Quintela e muitos mais. ( Relembro estes três últimos, porque foram meus Mestres ).
    Quanto ao ensino HOJE, Sr.Anónimo N. , Deus nos acuda!! porque as asneiras são mais que muitas.

    Um grande abraço para todos.
    Júlia Ribeiro

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  6. Bravo, senhora doutora júlia. Gostei do seu texto mas não sei se não gostei mais deste seu comentário.

    V.P.



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  7. A minha professora foi a Dona Isabel na escola da Corredoura no inverno sentava-se a brazeira mas nos deixava aquecer nem as mãos.

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