domingo, 9 de fevereiro de 2014

Núcleo Museológico da Fotografia do Douro Superior - “ O Bravo”

 Seguramente, este cognome é-nos particular  aquando do estudo  do Rei D. Afonso IV. Como tal, e até mais que óbvio,  já muita gente se debruçou e as suas  publicações  fazem parte das  prateleiras das nossas bibliotecas. Mas é de outra bravura que me vou debruçar neste pequeno  apontamento. A de um homem nascido em Torre de Moncorvo e de seu nome Francisco Manuel de Castro, tendo falecido em 22 de Abril de 1963.
Missionário em Nampula, Moçambique, e profundo conhecedor das letras, escreveu livros e proferiu  variadíssimas palestras. Dos seus estudos e respetivas publicações, há a destacar “ Contos Macuas”, de 1935; “ Apontamentos sobre A Língua Émakúa ”, de 1933; e “ Catecismo Português-Émakúa”, de 1944, entre muitas obras impressas, manuscritas e datilografadas.
Já em 1966 se questionava, com toda a propriedade, em escrito publicado em Editorial  de um jornal, a identificar oportunamente, sobre o que fazer a todo o espólio literário. Os responsáveis da Câmara Municipal de Moncorvo  não lhe deram importância suficiente para, em tempo, adquirirem todos os seus escritos e os álbuns fotográficos. Há um par de anos, aquando da compra de um bandolim, pelo módico preço de 100 contos, fabricado por António Alberto Canteiro, Felgueiras de Torre de Moncorvo, também tive conhecimento dos manuscritos e escritos datilografados, assim como vários exemplares dos livros publicados, e ainda dois álbuns de fotografias, estas subordinadas aos registos dos feitos em missão.
Como de depreenderá, adquiri todo o espólio, o possível, do Padre Castro. E agora?
Ele tem que ser amplamente divulgado e acolhido num local mais coletivo, estando disponível aos seus investigadores. Como tal, proponho que seja nomeado uma Comissão competente, talvez da iniciativa da Câmara Municipal,  para efetuar o levantamento e o estudo do espólio do Padre Castro. Se isso vier a acontecer, ofereço tudo aquilo que se tenho em arquivo.
Portanto, há que movimentar sinergias e, como diz o povo, botar as mãos à obra do homem que combateu com a palavra, tornando-se um verdadeiro soldado da Cruz. Moncorvo deve-lhe uma grande homenagem.

Arnaldo Silva

2 comentários:

  1. Muitíssimo interessante este belo apontamento do prof. Arnaldo Silva e o seu gesto, raro nos tempos de ganância e egoísmo que correm, espelha generosidade e grandeza de carácter.

    Um abraço
    Júlia Ribeiro

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  2. Julio Remondes escreveu:
    Maldito feitio português! Regra geral e salvo poucas e raras excepções, os génios subestimam-se em vida, morrem e depois então, valorizam-se. Ainda bem que há pessoas que remam contra essa maré e dão todo o seu empenho para que da poeira dos escaparates de algumas bibliotecas e afins, saltem para o conhecimento público, conteúdos injustamente esquecidos mas de elevada importância! Para estes, o meu grande apreço e muitos parabéns. Em criança, conheci muito bem o Sr. Padre Castro. Parece que ainda estou a vê-lo, com as suas enormes barbas brancas, olhar doce e andar calmo, vindo da Igreja para a sua linda mansão, sita ali bem perto! Lembro-me também do seu funeral. Não me lembro é ter ouvido a quem quer que fosse alguma referência sobre a sua actividade literária. Mais tarde, na disciplina de Português, lembro-me de ter lido um texto extraído de um livro da sua autoria, cujo conteúdo não me recordo mas sei que falava de milhafres.

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