quarta-feira, 19 de março de 2014

Cascas com botelo!

Quando a ousadia é merecida e se procuram milagres perfeitos, está na hora de desfraldar a bandeira da vitória, ferrar o galho em sonhos de princesas encantadas, desenferrujar e afiar os gumes dentários, excomungar dietas, e reclamar: Cascas com botelo!

Para que os de além-fronteiras não julguem precipitadamente imprudências de uns quantos, outras denominações e particularidades se vulgarizam para esta iguaria do receituário transmontano-duriense: bucho, palaio, chouriço ou salpicão d'ossos, bulho, gaiteiro ou bucho gaiteiro, bandulho, piriquito, paio ou paloio d'ossos, pastor ou chouriço pastor, chouriço do Gordo e chouriço do Ano Novo, androla, palagaio e pigureiro, boto ou chouriço do boto, chouriço de carnes da suã, chouriço do bucho, chourição d'ossos… butelo, butiêlo, botilho, botielho, botelgo boutelo… E foi com a Feira do Fumeiro de Vinhais (desde 1981), a matriarca delas, que estes "enchidos d'ossos" saíram do ninho da tradição familiar para a comercialização generalizada. 
Pois então… já que as uvas não morrem ao invés do porco, porque reencarnam no vinho e o vinho é um ser vivo com o qual o homem tem que se debater, resta-me esperar que os presuntos fiquem solícitos. Que assim seja!
António Monteiro
(Foto do José Bessa Guerra, a 12 de Março)
In: https://www.facebook.com/antonio.monteiro.140?fref=ts

2 comentários:

  1. Pois que assim seja. E com muito apetite seja em que regionalismo for.

    Abraço
    Júlia Ribeiro

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  2. Tantos nome tem o melhor e mais transmontano dos pratos da nossa gastronomia.Viva o Butelo e quem o apoiar!
    E que belo texto do eng. Monteiro.
    Leitor

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