quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

MOSTEIRO DE S. JOÃO DE TAROUCA, por A. M. PIRES CABRAL

Os monges de Cister - ao contrário dos de CLuny -escolhiam para os seus mosteiros locais discretos, ajeitados à prática do preceito ora et labora que vinha já da regra beneditina. Bernardo de Claraval, o grande inspirador da ordem, insistia nesse ponto, uma espécie de retoma da austeridade e simplicidade monacal primitiva. As comunidades religiosas deviam tanto quanto possível isolar-se do mundo, à semelhança dos primeiros eremitas, que procuraram o deserto e a solidão para viverem mais intensamente a relação com Deus. Por isso implantavam os seus conventos em Lugares onde não dessem demasiado nas vistas, como os vales apertados e as dobras das serras - metáforas do deserto -, raramente em espaços
amplos ou sobranceiros. Um requisito contudo exigiam do local eleito: que tivesse água em abundância, de preferência corrente, com que irrigar os campos que trabalhavam como sua forma única de subsistência, considerando que os produtos da lavoura sempre seriam uma dieta mais nutritiva, saborosa e variada do que os gafanhotos de que se alimentavam os ascéticos eremitas do deserto.
A. M. PIRES CABRAL 

Fonte:"ONDE NADA SE REPETE" - crónicas à volta do património. (excerto)

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